quinta-feira, 17 de junho de 2010

A Iluminação do Médico Hipócrita

Há algum tempo eu era bem arredio a médicos.

Também pudera, nas raras vezes em que me submetia a alguma consulta o “doutor”, enquanto escrevia nomes de remédios indecifráveis (a não ser para os atendentes de farmácia) não perdia a oportunidade de fazer um sermão sobre as boas e as más práticas de cuidar do corpo e da saúde.
 
Pessoalmente, não chegava a me sentir culpado em achar os maus hábitos bem mais interessantes. Mas diante daquela força repressora, até que buscava, por algum tempo, tomar jeito.
 
Essa relação conflituosa com os médicos perdurou até o acontecimento de uma situação libertadora.

Certa vez eu andava com alguns problemas digestivos e outras “cositas más” e acabei sendo convencido a marcar consulta com o Dr. Max Mitchel (nome fictício). Depois daqueles exames de praxe, onde tiram metade do nosso sangue e nos sujeitam a fazer xixi e coco em potinhos, peguei os resultados e fui encarar o diagnóstico do médico.

A conversa foi mais ou menos assim:
 
- Eduardo, vejo que você é um sujeito que não se cuida. Se continuar desse jeito, logo, logo, você estará acabado. Vamos cortar a bebida, comida gordurosa, noitadas, fumo e outras coisas. A partir de amanhã, você começará a caminhar pelo menos quatro vezes por semana, no mínimo 5 quilômetros.

Confesso que o sujeito pegou pesado comigo, me impressionou. Chegava o momento de começar a colocar a saúde em ordem para garantir mais anos de vida. Afinal, talvez valesse a pena virar um sujeito exemplar ao extremo... o único preço seria abrir mão da alegria da vida!
 
Mas antes decidi fazer uma despedida dos velhos hábitos e me reuni com alguns amigos e amigas num bar com a indisfarçável intenção de beber, fumar, comer e namorar muito. Quando pensei em dar satisfação de meu futuro sumiço aos companheiros da noite, busquei inspiração olhando o panorama do boteco.
 
E sentado no balcão, visivelmente torto de tão bêbado, abraçado com uma linda mulher e fumando um charuto daqueles que só se vê na Boca do Fidel Castro estava o rigoroso Dr. Max Mitchel. FDP!

Mostrei o tal do médico aos meus amigos e contei toda a história. Foi uma gargalhada geral. O resto da noite foi só alegria, com a decisão de tomar jeito na vida indo para as cucuias.

Mas no dia seguinte veio aquela ressaca: pulmão pesado, dor de cabeça, azia e indisposição geral. Talvez o médico tivesse um pouco de razão, apesar dele próprio ir contra o que falava.
 
Enfim, a iluminação: imaginando que o corpo humano é uma máquina, é importante saber a melhor forma de usá-la. É verdade que abusar do equipamento nos faz encurtar a vida; mas poupá-lo ao extremo significa se recusar a viver a vida.

Por qual lado optar? Nenhum deles, é claro!

O melhor é encontrar o equilíbrio do terceiro caminho, onde o corpo é o instrumento sensorial da existência de qualquer ser com consciência. Falando em palavras simples, o caminho é aproveitar o máximo, se detonando o mínimo.
 
Pensando mais um pouco, não fica difícil entender que essa regrinha pode ser aplicada em outras questões do dia-a-dia.
 
Como no trato com o dinheiro, por exemplo.
 
Fazendo um mea-culpa vejo que nós, economistas, somos, na maioria, uns caretões.

Ou bancamos os médicos e cinicamente mandamos as pessoas economizarem o máximo para usufruir num futuro que nunca vira presente, ou então falamos das maravilhas do endividamento e acabamos por conduzir inocentes a uma terrível escravidão das prestações.

Trabalhamos para pagar a prestação da casa, do carro, da TV, as contas da luz, da internet, cabo e outras milongas mais e no final das contas fica faltando o dinheiro para aquelas coisas que realmente dão graça à vida: o passeio de final de semana; a viagem de férias; ou simplesmente se dar ao direito de enfiar o pé na jaca quando tiver vontade e depois não se sentir culpado por isso.
 
E é esse o tema que começamos a desenvolver nesse Blog.
 
Ser feliz e gastar.
 
Fica claro que nossa proposta não é lá muito ortodoxa e moralista.

Priorizamos a busca da felicidade de nosso leitor por meio de algumas receitas e dicas simples e fáceis de serem aplicadas no dia-a-dia e que conduzirão você a uma situação de tornar o dinheiro seu servo; e jamais virar escravo do dinheiro.
 
O Blog está aberto a comentários e levantamento de questões, as quais serão discutidas de acordo com a sua relevância.
 
Seja bem-vinda, ou bem-vindo ao “Ser Feliz e Gastar”.
 
Em breve lançaremos nova postagem com as primeiras dicas.

Fique no aguardo dos 4 Potes da Fortuna.



Grande Abraço




Eduardo S. Starosta

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