sexta-feira, 9 de julho de 2010

O Primeiro Pote da Fortuna e a Vida da Genoveva – Parte 2

Quando deixamos Genoveva, há cerca de duas semanas, nossa heroína estava organizando sua nova vida de solteira. Com a pensão de R$5.000, ela estava pagando R$1.690 para morar e mais R$815 a título de deslocamento, entre despesa com a prestação de carro, combustível e táxi.

Ainda sobravam para ela R$2.495. Mas cá entre nós, ter onde morar e como se locomover é apenas uma pequena parte da vida.

Genô ainda se considerava jovem, bonita e ninguém duvidava da sua inteligência, apesar dela ter abandonado a faculdade de farmácia ainda no segundo ano por exigência do então noivo, o famigerado Dr. Max Mitchel.

Nunca é tarde para recuperar o que se deixou de fazer no passado. A volta aos estudos seria realizar um antigo sonho (ei, aqui está o primeiro sonho de Genoveva!), além de a universidade ser um ótimo ambiente para conhecer novas pessoas e, quem sabe, encontrar namorado...

Fez vestibular para Relações Públicas e passou de primeira, mesmo estudando só três meses em um curso preparatório. Depois da festa; a matrícula e o material didático: um gasto mensal que chegou a R$ 700,00. Mas nesse ponto, Genoveva estava feliz!

Em casa, a geladeira (presente de uma irmã que ajudou na decoração do apartamento) estava sempre cheia e os armários da cozinha repletos. A nova solteira fazia supermercado como se ainda estivesse casada.

Um dia até, ela riu de si própria. Abriu a porta do refrigerador para colocar o queijo coalho que acabara de comprar. Mas ela detestava aquele tipo de queijo; o preferido de Max. Força do hábito... Mesmo sabendo que é feio jogar comida fora, não foi sem um sorriso que Genoveva enfiou o produto, ainda embalado, na lata de lixo.

Mas afora esses atos que ainda a ligavam ao passado, ela gastava em média R$ 600,00 no supermercado e mais R$ 250,00 com alimentação fora de casa: a maior parte em lanches na faculdade, mas não dispensando, a cada duas semanas, o jantar do sábado com as velhas amigas que por acaso estavam também solteiras.

Uma das primeiras coisas que o ex-marido fez logo depois da separação, foi excluí-la, como dependente, de seu plano de saúde. Por orientação do advogado, Genoveva imediatamente contratou seu próprio plano, com quarto privativo em caso de hospitalização, pagando R$ 300 por mês. Além disso, em termos de saúde gastava cerca de R$ 120,00 em farmácia, o que incluía algumas aspirinas e cosméticos importados.

Quanto ao gasto com roupas, as despesas mensais não passavam de R$ 150,00. Genoveva sempre gostou de se vestir bem e Max Mitchel até que era mào aberta nesse quesito. Assim, ela saiu do casamento com um variado guarda-roupa e só se preocupava em comprar uma ou outra peça que fosse vital para estar na moda.

Finalmente, seus gastos dentro de casa com energia, telefone, internet (estava aprendendo a usar a web e achou fantástico, especialmente os sites de relacionamento) e celular chegavam a R$ 340,00 mensais. E o orçamento de nossa heroína fechava com idas a cada duas semanas ao instituto de beleza para fazer pé, mão e de vez em quando providenciar um retoque no cabelo.

No final das contas, a despesa mensal de Genoveva alcançava R$ 5.040,00. Ou seja, ela gastava R$ 40,00 a mais do que recebia de pensão. Esse valor, inicialmente, ficava escondido nas contas do cartão de crédito e o cheque especial do banco tinha um limite bem generoso.

Mas passada a novidade da nova vida de solteira, Genoveva se viu em crise: aquele dinheiro que ela recebia dava justinho para as despesas do dia a dia. E aquelas viagens com que tanto sonhara? Ou mesmo aquele sofá e a televisão de 50 polegadas que queria colocar na sala para noitadas de filmes? Tudo isso estava fora do seu alcance.

E ainda por cima, aqueles R$ 40 que faltavam todo o mês começavam a se tornar incômodos.

Vamos ver, mais ou menos o que aconteceu:

A cada mês, o valor devido do cheque especial de Genô aumentava aqueles R$ 40 mais os juros (em torno de 6,75%% a 12,30% segundo o PROCON) que no caso do banco utilizado eram de 10% ao mês.

Veja só o desastre da coitada:

Inicialmente, aqueles R$40 que Genoveva gastava a mais do que recebia todo mês não significava muito. Mas na medida em que o valor foi se acumulando, a coisa começou a ficar mais séria.

Afinal de contas, os R$5.000 que ela recebia limpinho todo mês começou a ter descontos do próprio saldo negativo e dos juros que ela pagava no banco. No primeiro mês, ela já tinha disposição R$44 a menos (R$40 de saldo negativo, mais R$4 de juros).

E à medida que o tempo passava a bola de neve crescia. No final do primeiro ano depois do início do recebimento da pensão, Genoveva já tinha um desconto de R$815 dos R$5.000 originais. No encerramento do segundo ano ela iniciava o mês com uma disponibilidade de apenas R$1.500.

Finalmente, em abril de 2010 ela quebrou: o dinheiro que recebia do ex-marido não era suficiente para cobrir o saldo negativo na conta bancária.

E assim teria acabado a breve vida independente de nossa querida personagem. O nome foi parar no SPC e SERASA, o carro tomado pela financeira, a faculdade abandonada, a ação de despejo e outras coisas tão ou mais tristes.



Dá para até imaginar a satisfação sádica do Dr. Max Mitchel. Sujeitinho asqueroso!



Espera um pouco: não vamos aceitar que Genoveva se acabe dessa maneira. A sorte dela foi ter sonhado o pesadelo que acabamos de contar. Assustada com a premonição, ela tratou de procurar ajuda na Internet e encontrou o nosso Ser Feliz e Gastar.

E, de cara, tomou conhecimento das duas proibições fundamentais para ser feliz e gastar:

1) não entrar no cheque especial ou parcelar a fatura do cartão de crédito;

2) caso você tenha entrado no cheque especial ou não conseguiu pagar toda a fatura do cartão de crédito, faça todo o sacrifício possível para zerar essas contas.

Isso é muito sério. O juro no Brasil é o mais alto do mundo, sendo o do cartão de crédito ainda pior do que o do cheque especial. Para se ter uma idéia pagar um custo financeiro de 10% ao mês significa, na verdade, 213,8% em um ano, o que é impagável, especialmente para quem está precisando de dinheiro.

Se for realmente preciso, é melhor tentar negociar um empréstimo formal com o próprio banco, que normalmente mais barato.

Mas o ideal mesmo é ficar longe, muito distante, de dívidas complicadas. Se você é uma das milhões de pessoas que estão nessa situação desagradável, o mais recomendável é resolver o assunto o quanto antes para realmente ter condições de começar a aproveitar a vida.

Na próxima postagem vamos ver como Genoveva resolveu seus problemas e se deu bem!


Até logo (logo mesmo)!

Eduardo S. Starosta

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